quarta-feira, 15 de março de 2017

UNA-SUS lança curso sobre leishmaniose visceral

A Universidade Federal do Maranhão, integrante da Rede Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS/UFMA) lança, nessa terça-feira (14), o curso Vigilância, prevenção, atenção e controle da leishmaniose visceral. A oferta integra a formação em Vigilância em Saúde.
Profissionais de saúde e acadêmicos interessados no tema podem se matricular até 14 de julho, pelo link. O início é imediato e, assim como todas as ofertas da UNA-SUS, o curso é gratuito. A carga horária é de 30h, divididas em duas unidades. A primeira trata de vigilância e controle e, a segunda, do manejo de pacientes.
A capacitação traz informações sobre os aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais necessários para diagnosticar, tratar, recuperar e acompanhar oportuna e adequadamente os casos da doença na atenção primária.
PANORAMA - No Brasil, há dois tipos de leishmaniose: a cutânea, que afeta a pele e as mucosas e a visceral, que afeta sistemas orgânicos. Essa é a forma mais grave da infecção.
Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 2015, foram notificados 3.289 casos da enfermidade, sendo que a taxa de letalidade gira em torno de 7%. A leishmaniose visceral (LV) está presente em várias regiões do país, porém, a de maior incidência é o Nordeste.  
O inseto vetor responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis, conhecido como mosquito-palha. De acordo com o sanitarista da Fiocruz, Claudio Maierovitch essa é uma das doenças negligenciadas mais emblemáticas no Brasil. “Historicamente, há pouco investimento em pesquisas a respeito do tema”, afirma.

O médico ressalta também que há poucas tecnologias disponíveis para prevenção e diagnóstico, já que os exames realizados atualmente podem deixar dúvidas, pois outras enfermidades podem ter sintomas parecidos, como esquistossomose, tuberculose, leucemia ou outros tipos de câncer.
TRATAMENTO – O médico César Tamayo, responsável pelo conteúdo do curso, explica que o tratamento da leishmaniose consiste na administração de medicamentos por meio de injeções intramusculares ou intravenosas, que muitas vezes precisam da internação do paciente. “Lamentavelmente até a atualidade não existe nenhum medicamento que controle a LV e que possa ser oferecido pela via oral”, diz.
Para Maierovitch, há um conjunto de faltas que acaba tornando o quadro epidemiológica e social da doença mais grave, se compararmos com outras infecções tratáveis. “É uma infecção que demanda mais investimentos, pesquisa para obter um diagnóstico preciso e rápido por meio de exames e medicamentos que funcionem melhor e de forma mais segura para que se consiga reduzir a incidência. Esse é um dos maiores desafios para a saúde pública brasileira e para o desenvolvimento de tecnologias no Brasil”, afirma.
INVESTIGAÇÃO DE CASOS - De acordo com a Coordenadora do Núcleo Pedagógico da UNA-SUS/UFMA, Regimarina Soares Reis, a perspectiva é que as ações de vigilância epidemiológica sejam baseadas no risco e na intensidade da transmissão em cada município, como subsídio às ações de prevenção, controle e monitoramento da doença. “Dessa forma os estudantes contarão com um rico material, elaborado e validado por especialistas da área”, afirma.
Os principais aspectos relativos ao cuidado são o diagnóstico precoce e tratamento. “Por isso, é de importância fundamental que profissionais de saúde, especialmente da Atenção Básica, tenham informação sobre a doença, saibam fazer uma suspeita clínica e encaminhar para o diagnóstico”, ressalta Maierovitch.
Caso confirmado, os profissionais devem fazer a notificação dos casos e investigação do ambiente para emitir alertas e verificar presença de cães infectados, por exemplo. “Se o caso for detectado precocemente e tratado logo, o paciente tem mais chance de ter um bom resultado no tratamento e não sofrer consequências graves da doença. Isso só acontece se os profissionais de saúde estão sensibilizados para essa detecção”, conclui o sanitarista.
CAPACITAÇÃO - As ações para detecção e diagnóstico da doença são abordadas no curso, que também traz informações sobre o panorama da enfermidade no Brasil, estratégias de vigilância, controle, tratamento e acompanhamento dos pacientes e as ações de vigilância no monitoramento e atenção à LV.
Os alunos contarão com um e-book interativo, que será disponibilizado no app Saite Store, disponível na Google Play  e Apple Store. Após download do aplicativo, os livros virtuais podem ser acessados off-line.
“Espera-se que a participação de profissionais no curso, especialmente aqueles atuantes na Vigilância em Saúde, possa contribuir para a estruturação, implementação e qualidade das ações no SUS em busca da redução da morbimortalidade por leishmaniose visceral no Brasil”, encerra Regimarina.
Para conhecer um pouco mais sobre esses e outros cursos em oferta na Rede UNA-SUS, acesse http://unasus.gov.br/cursos.
SERVIÇO
  • Público-alvo: Profissionais atuantes no SUS, prioritariamente os vinculados à Vigilância em Saúde, nos âmbitos federal, estadual e municipal, assim como acadêmicos em geral.
  • Matrículas: Podem ser realizadas até 14 de julho de 2017, pelo link.
  • Carga horária: 30 horas

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